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Estudante de jornalismo, apaixonado por séries de tv, filmes e livros, além de cultura, música e coisas viajadas. É basicamente isso que vai ter por aqui.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

(in) existência


Retorcido. Quebrado. Vazio. As gotas de chuva caem no meu rosto e se misturam às lágrimas de tal forma que eu não consigo diferenciar o que provém do meu interior e o que, vindo do exterior, me representa tão bem que chego a me perguntar se aquilo também não vem de dentro do meu ser rasgado e bagunçado. A dor dilacera e, contraditoriamente, fortalece. Para quando, eu não sei. Mas fortalece. Mesmo que em passos minúsculos. Você senta ao meu lado e me diz que nada disso importa, que tudo vai ficar bem (porque você sabe que não vai). Minhas certezas autoimpostas se esvaem e desfalecem, juntando-se aos infinitos grãos de areia e mostrando sua face real: um palco armado, no qual eu sou a estrela principal e o coadjuvante, o herói e o bandido, a presa e o algoz. Ao passo em que um relâmpago corta as nuvens, viro os meus olhos para te ver novamente, mas você não existe. É uma mera ilusão, mais um roteiro que me foi escrito (por mim mesmo, ouso dizer) no grande e sôfrego espetáculo chamado vida.  Mudo de lugar só pra confirmar o flagelo de tua (in) existência e tudo o que eu consigo, a partir daí, é acompanhar a tempestade – que, veja bem, é da cor dos teus falsos olhos – que castiga as rochas; da mesma forma que castiga também a mim. Um cheiro, um gosto, uma lembrança. Café, chocolate, livros. Noites, sonhos.  Formas totalmente disformes, lembranças que de tão falsas se tornam esquecíveis e um inevitável e um doce amargo (por que não?) sabor de derrotismo, antes mesmo do início da batalha.  Não, não vai ficar bem. Não, não vai sarar. Quando eu fechar meus olhos e adormecer, vai vir a mim novamente como se estivesse comigo desde vidas passadas. Vai me perseguir como um fantasma, sem me deixar – ao menos em sonho – ser feliz – ao menos com a estúpida ideia de uma possibilidade ínfima. E, ao mesmo tempo em que me puxar para o fundo, vai me levantar, só pra ter o sabor de me derrubar depois. Enquanto me matar, vai me fortalecer, só pra poder me matar de novo. É, novamente, a doce contradição. Sorri. Chora. Mas uma coisa nunca muda. Sente falta. De quê? Não se sabe. Só sente. E por sentir, morre. E por sentir, vive.