Era uma vez um menino que
era cheio de certezas e queria dominar o mundo.
Tinha sonhos, planos,
alicerces, refúgio.
Vida. Tempo. Contagens. Por
mais que estivesse dentro de uma bolha (na qual ele próprio, sem saber, se
colocou), estava bem com aquilo. Ou, como ele chegaria a conclusão anos depois,
estava bem com o que aquilo lhe trazia.
Era mais um no meio de
tantos. Mais um normal. Mais um atomizado. Mais um ditado.
E então seu castelo ruiu.
Seu alicerce rachou.
A bolha estourou.
O dia se fez noite. (Ou a
noite se fez dia?)
Não tem mais refúgio. O que
outrora servia de alento, hoje é tortura. O que trazia paz, hoje incomoda. Os
antigos heróis se converteram em rostos distorcidos e vozes que já não falam e,
quando falam, são dissonantes.
Tem ideais, não mais
sonhos.
Tem castelos de areia, não
alicerces.
O menino só tem uma
certeza: a de que não tem mais nenhuma certeza.